Embora o nome “design” seja frequentemente
associado à qualidade e/ou aparência estética de produtos, o design como
disciplina tem por objetivo máximo promover bem-estar na vida das pessoas. No
entanto, é a maneira como o designer percebe as coisas e age sobre elas que
chamou a atenção de gestores, abrindo novos caminhos para a inovação
empresarial.
O designer enxerga como um problema tudo aquilo que
prejudica ou impede a experiência (emocional, cognitiva, estética) e o
bem-estar na vida das pessoas (considerando todos os aspectos da vida, como
trabalho, lazer, relacionamentos, cultura etc.). isso faz com que sua principal
tarefa seja identificar problemas e gerar soluções.
Ele entende que problemas que afetam o bem-estar
das pessoas são de natureza diversa, e que é preciso mapear a cultura, os
contextos, as experiências pessoais e os processos na vida dos indivíduos para
ganhar uma visão mais completa e assim melhor identificar as barreiras e gerar
alternativas para transpô-las. Ao investir esforços nesse mapeamento, o
designer consegue identificar as causas e as consequências das dificuldades e
ser mais assertivo na busca por soluções.
O designer sabe que para identificar os reais
problemas e solucioná-los de maneira mais efetiva, é preciso abordá-los sob
diversas perspectivas e ângulos. Assim, prioriza o trabalho colaborativo entre
equipes multidisciplinares, que trazem olhares diversificados e oferecem
interpretações variadas sobre a questão e, assim, soluções inovadoras.
Trabalha em um processo multifásico e não linear -
chamado fuzzy front end- que permite interações e aprendizados constantes. isso
faz com que o designer esteja sempre experimentando novos caminhos e aberto a
novas alternativas: o erro gera aprendizados que o ajudam a traçar direções
alternativas e identificar oportunidades para a inovação.
No mais, como o nome já diz, o design Thinking se
refere à maneira do designer de pensar, que utiliza um tipo de raciocínio pouco
convencional no meio empresarial, o pensamento abdutivo. Nesse tipo de
pensamento, busca-se formular questionamentos através da apreensão ou
compreensão dos fenômenos, ou seja, são formuladas perguntas a serem
respondidas a partir das informações coletadas durante a observação do universo
que permeia o problema. Assim, ao pensar de maneira abdutiva, a solução não é
derivada do problema: ela se encaixa nele.
Não se pode solucionar problemas com o mesmo tipo
de pensamento que os criou: abduzir e desafiar as normas empresariais é a base
do design Thinking. É pensando de maneira abdutiva que o designer
constantemente desafia seus padrões, fazendo e desfazendo conjecturas, e
transformando-as em oportunidades para a inovação. É essa habilidade, de se
desvencilhar do pensamento lógico cartesiano, que faz com que o designer se
mantenha “fora da caixa”.
A seguir, a tabela compara os métodos de design e
de marketing, revelando uma abordagem diferente para o tema inovação na área
empresarial.
Pesquisa de design
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Pesquisa de mercado
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Foco
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Nas pessoas.
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Nas pessoas.
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Objetivo
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Pretende entender
culturas, experiências,
emoções, pensamentos e
comportamentos de forma
a reunir informações para
inspirar o projeto.
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Pretende entender
comportamentos a partir do
que as pessoas fazem, ou
dizem que fazem para prever o que fariam numa
nova situação e gerar soluções a partir disso.
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Levantamento de dados
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Através da interação entre
pesquisador e sujeito da
pesquisa, principalmente
a partir de conversas
semi-estruturadas.
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Priorizando questionários e
entrevistas estruturadas.
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Amostragem
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Representa qualitativamente a amostra e busca por
perfis de usuários extremos, pois o raro e o obscuro nas observações podem
levar a uma nova e interessante ideia.
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Representa a amostra
estatisticamente, com o
objetivo de entender as
respostas das massas,
frequentemente ignorando
pontos fora da curva. análise
dos dados requer um ponto
de vista objetivo, sendo crítico evitar vieses.
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Tipo de informação coletada
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Comportamentos, objetos e
palavras que as pessoas usam
para expressar sua relação
com as coisas e processos
ao seu redor.
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Opiniões e comportamentos
das pessoas quanto à situação atual ou à
expectativa de contextos futuros.
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(Fonte: Livro Design Thinking - Inovação em
Negócios)