Como nasce uma ideia para uma Startup?
O melhor jeito
de conseguir ideias para uma startup é tentar não pensar em ideias para startups.
É procurar por problemas, preferencialmente problemas que você mesmo enfrenta.
As startups mais bem sucedidas costumam ter três coisas em
comum: são algo que seus fundadores realmente querem, que eles mesmos podem
construir e que poucas outras pessoas percebem que vale a pena fazer. Microsoft,
Apple, Yahoo, Google e Facebook todas começaram desta maneira.
Problemas
Por que é
tão importante trabalhar em cima de um problema que você mesmo enfrenta? Entre
outras coisas, existe a certeza de que o problema realmente existe. Parece
óbvio dizer que você só deveria trabalhar em cima de problemas que realmente
existem e, ainda assim, o erro mais comum cometido entre as startups é resolver
um problema que ninguém tem.
Vamos
tomar como exemplo um site que coloca galerias de arte online. No final da
década de 90 começaram a aparecer vários sites seguindo este modelo de negócio.
Mas o problema é: galerias de arte não querem estar online, pelo menos não naquele
contexto. Não é assim que funciona a arte, as pessoas gostam de ver e
principalmente comprar e vender obras de arte ao vivo. Mas por que tanto tempo
e recurso foi dispendido para estes sites? Porque seus idealizadores não
prestaram atenção em seus usuários. Era um modelo de negócio de um mundo que
não correspondia à realidade.
Por que
tantos empreendedores começam um negócio que ninguém quer? Porque eles começam
tentando pensar em ideias para startups. Esta maneira de operar pode ser
duplamente perigosa: produzem poucas ideias boas; produzem ideias ruins, mas
que soam plausíveis o suficiente para te enganar e fazê-lo trabalhar em cima
delas. Esta maneira de operar gera o que se pode chamar de ideias
pré-fabricadas. Imagine um programa de televisão onde um personagem estivesse
começando uma startup, os roteiristas teriam que inventar uma ideia para ele
trabalhar em cima, mas ter boas ideias não é algo tão simples, portanto, a não
ser que eles fossem extremamente sortudos, acabariam surgindo com algo que é
plausível, mas que não é uma boa ideia.
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O perigo
em uma ideia como essa é que quando você passa pelo crivo de amigos donos de
animais de estimação, eles não dizem “Eu nunca usaria algo assim”. Eles dizem “É,
talvez eu consiga me imaginar usando algo assim”. Mesmo quando a startup começa
a operar e o site está em funcionamento, soará plausível para muitas pessoas.
Elas não vão querer utilizar, pelo menos por agora, mas elas conseguem imaginar
outras pessoas querendo. Some esta reação ao longo de toda a população e você
terá zero usuários.
O Poço
Quando
uma startup chega ao mercado, tem que haver pelo menos alguns usuários que
realmente necessitam do que eles fazem - não apenas pessoas que se vêem usando
o serviço algum dia, mas que querem urgentemente. Usualmente, esse grupo
inicial de usuários é pequeno, pelo simples fato de que se há algo que tantas
pessoas necessitam urgentemente e que isto pudesse ser feito com o esforço e
recursos depositados em uma startup, provavelmente, já existe. O que significa
ter que se comprometer em uma única direção: construir algo que muitas pessoas
querem uma pequena quantidade, ou algo que poucas pessoas querem uma grande
quantidade. Escolha a segunda opção. Nem todas as ideias deste tipo são boas
ideias para startups, mas quase todas as boas ideias são deste segundo grupo.
Imagine
um gráfico onde o eixo X representa todas as pessoas que podem querer o que
voce está produzindo e o eixo Y representa o quanto estas pessoas querem. Se
você inverter a escala no eixo Y, você consegue visualizar as empresas como
buracos (concavidades). Google é uma imensa cratera: centenas de milhões usam e
precisam muito. Uma startup começando agora não pode esperar excavar um volume
tão grande neste gráfico. Portanto, deve-se fazer duas escolhas acerca da forma
do buraco que você vai começar. Você pode cavar um buraco que é amplo, porém
raso, ou um que é estreito, porém profundo, como um poço.
Lembra
das ideias pré-fabricadas? Elas são normalmente do primeiro tipo. Muitas
pessoas estão suavemente interessadas em uma rede social para donos de animais
de estimação.
Quase
todas as boas ideias de startups são basicamente do segundo tipo. Microsoft era
uma delas, assim como o Facebook, que começou exclusivo para a Universidade de
Harvard, que restringia a poucos milhares de usuários, mas que queriam muito.
Quando
tiver uma ideia, pergunte a si mesmo: quem quer isto neste momento? Quem quer isto
o bastante para usar até mesmo quando for uma versão protótipo feita por alguns
caras de uma startup que eles nunca ouviram falar? Se você não conseguir
responder à essa pergunta, a ideia é provavelmente ruim.
Você não
precisa da pequena largura do seu poço por si só. É a profundidade que você
mais quer; seu gráfico ficará estreito à medida que você for otimizando sua
profundidade. Na prática, o link entre as duas coisas é tão forte que é um bom
sinal quando você sabe que uma ideia vai ter um forte apelo a um grupo
específico ou tipo de usuário.
Porém, o
seu poço pode ainda não ser o suficiente. Se Mark Zuckerberg tivesse construído
uma rede que tivesse um apelo somente aos estudantes de Harvard, não seria uma
boa ideia. Facebook foi uma ótima ideia porque começou com um pequeno mercado e
que tinha saída para outros. Universidades são similares o suficiente para
expandir através delas, o Facebook iria funcionar em qualquer uma. Uma vez que
tenha todos os estudantes de universidades, você consegue outros usuários
simplesmente deixando-os entrar.
Mas é
importante lembrar que nem toda ideia precisa ser brilhante para dar início à
uma startup. Uma startup obtém sucesso oferecendo uma tecnologia ou serviço
melhor do que se tem atualmente, e não é necessário nenhuma genialidade para
isso na maioria das áreas.
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