2 de junho de 2012

É a inovação, estúpido!

A biografia de Steve Jobs nos relata a sua infância em SunnyVale, ao sul de Palo Alto - California, um bairro de operários e cercado por empresas de tecnologia. Jobs vivia rodeado de vizinhos que estavam sempre envolvidos em projetos de ponta. A passagem relatada por Jobs ilustra bem o ambiente favorável à inovação que havia nos Estados Unidos daquela época, no qual já existiam empresas-modelo como a HP, IBM e Intel, para que surgissem start-ups vitoriosas como a própria Apple.


Durante uma entrevista em 1990, um empresário brasileiro - fundador de uma companhia da área de eletroeletrônicos, uma marca muito famosa na ocasião - foi assombrosamente sincero. "A qualidade dos nossos produtos está de acordo com o padrão do mercado brasileiro", disse ele. "Não tenho parâmetro da qualidade internacional porque não preciso, o consumidor não me exige". Entre o SunnyVale dos anos 60 e o empresário brasileiro dos anos 90 há uma relação direta com o Brasil de 2012.

O governo ainda precisa repetir pacotes de medidas para a indústria, como os vários anunciados recentemente, para corrigir o gap entre esses dois mundos. O Estado Brasileiro continua sem ousadia para oferecer um ambiente inspirador a empresas inovadoras, assim como falta ambição aos empresários brasileiros em mirar-se no padrão mundial para ter mais qualidade.

Não por acaso, as companhias exportadoras, ou que competem em setores mais abertos à competição global, são as mais inovadoras e lucrativas. É o caso da Embraer, da Petrobras, da Totvs e da Vale, as raras representantes locais que entraram na lista das companhias mais inovadoras do mundo da consultoria Booz Company. Elas também pagam o custo Brasil e sofrem com a burocracia nacional. Mas o fato de elas terem investimentos consistentes em inovação não conta?

Embora incentive a inovação com regimes especiais, como a Lei do Bem, lançada há seis anos, o Estado não facilita o acesso às isenções fiscais para empresas de pequeno porte, que é onde efetivamente começa a inovação.

Ao tornar-se a sexta economia do mundo, o Brasil não pode mais pensar como o empresário dos anos 90, que fora protegido pela Reserva da Informática. Agora não há mais fronteiras no planeta. Por isso precisamos de um salto quântico de mentalidade.

Em tempo: o empresário citado quebrou na virada do século 21.


Fonte: IstoÉ Dinheiro


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